
O parque habitacional português é antigo. As casas construídas nos anos 80 ou antes pesam cerca de 60% do total da habitação existente em Portugal. Muitas destas casas encontram-se em mau estado de conversação, precisando de obras. Para quem pensa colocar um imóvel antigo à venda, a remodelação da casa pode ser uma boa aposta, já que aumentar o valor da venda em mais de 25%, revela o relatório residencial anual do idealista/data relativo a 2023. Até porque a renovação das casas também pode ajudar a melhorar a sua eficiência energética, tão valorizada hoje em dia pelas famílias que procuram comprar casa.
A habitação existente em Portugal é antiga: seis em cada 10 casas apresentam uma data de construção igual ou anterior a 1990. E a verdade é que as casas construídas na década de 80 ou antes são as mais expressivas em todos os distritos do país. Em Lisboa e no Porto, mais de metade das casas existentes têm mais de 30 anos, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Mas em ambos os distritos está-se a assistir a um processo de renovação do parque habitacional, já que uma em cada três casas construídas no país na última década (2011-2021) localiza-se na capital ou na cidade Invicta, destaca o relatório residencial anual de 2023 elaborado pelo idealista/data, que vai ser apresentado num webinar na próxima quarta-feira, dia 6 de março.
Além da construção nova, há também outras vias para reflorescer a habitação em Portugal, que está envelhecida:
- vender as casas antigas nas atuais condições para que possam ter uma nova vida nas mãos de outras famílias ou investidores;
- ou até mesmo através da reabilitação, renovação e remodelação destes imóveis.
A verdade é que, para quem pensa vender uma casa antiga em mau estado, a renovação da habitação revela-se numa boa aposta no sentido de rentabilizar o negócio, já que ajuda a valorizar as casas no mercado e a melhorar a sua eficiência energética, que é cada vez mais valorizada pelas famílias que querem comprar casa numa altura em que cerca de 8 em cada 10 edifícios habitacionais existentes (e com certificado) têm classe energética C ou pior.
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Onde compensa mais remodelar uma habitação?
Avançar com uma renovação da casa pode ser, sim, mais rentável para quem pensa vender um imóvel antigo. Esta é uma conclusão do relatório referente a 2023: “Uma remodelação completa de um apartamento em mau estado em Portugal pode, em média, aumentar o valor da venda em mais de 25%”.
Além da localização, a valorização das casas após um processo de remodelação vai depender da tipologia, sendo superior nos imóveis de maior dimensão. Enquanto a renovação de um T2 pode aumentar o valor de venda da casa, em média, em 26,3%, a intervenção de um T3 valoriza a habitação em quase 30%. E numa tipologia T4 ou superior o imóvel pode mesmo ser colocado no mercado nacional por um preço 33,6% superior face àquele que seria considerado caso não houvesse obras na casa.
Olhando as casas T2 colocadas à venda, verifica-se que é nos distritos de Lisboa (27,9%), Faro (26,2%) e no Porto (26%) onde os preços das casas mais aumentam após um processo de remodelação, mostram os cálculos do idealista/data. Ou seja, quem tiver um apartamento T2 em mau estado a valer 200 mil euros, depois de renová-lo consegue vendê-lo por cerca de 256 mil euros em Lisboa, e por cerca de 252 mil euros no Porto e em Faro.
A menor valorização das habitações remodeladas é observadas na Guarda, Portalegre e Bragança, mas são sempre superiores a 20%. Isto quer dizer que uma casa com más condições de 100 mil euros pode subir o preço para 120 mil euros (ou mais) depois de uma renovação.
Renovar a casa ajuda a melhorar a eficiência energética (e a criar valor)
O processo de renovação de uma casa em mau estado muitas vezes inclui a melhoria da sua eficiência energética por várias vias, colocando janelas eficientes, painéis solares, melhorando o isolamento térmico das coberturas, paredes ou pavimentos, por exemplo. E, ao tudo indica, renovar a casa vale a pena em termos de conforto energético: dos 5.171 edifícios habitacionais com renovações concluídas que pediram, em 2023, a certificação energética à ADENE – Agência para a Energia, cerca de 65% apresentou uma classe energética de A ou A+.
Estes prédios habitacionais renovados que pediram certificado energético localizam-se, sobretudo, nos distritos de em Braga, Porto, Lisboa e Aveiro, indicam ainda os dados do Sistema de Certificação Energética dos Edifícios relativos a 2023 e citados no mesmo relatório. De notar ainda que estes edifícios residenciais renovados representam 22% do total de edifícios concluídos (que inclui construção nova e renovações).
Além disso, também foram emitidas 9.413 certificações energéticas para projetos de renovação de edifícios ao longo do ano passado, com os números mais expressivos a serem registados no Porto, Lisboa, Braga, Aveiro e Faro. E este foi mesmo o maior número de certificados emitidos para projetos de renovação habitacionais desde 2014, representando 22% do total de projetos (que inclui novos edifícios e renovações), revelam os mesmos dados da ADENE. A maioria dos projetos renovados tem classe energética B ou superior.
A melhoria da eficiência energética da casa pode, assim, ajudar a valorizar o imóvel no mercado, por várias vias. A intervenção a este nível, por si só, já acrescenta valor à casa. Além disso, hoje as famílias atribuem maior importância às questões ambientais e de poupança energética no momento de comprar casa. E ficam logo a ter conhecimento da sua boa classe energética no momento da transação, já que é obrigatório apresentar o certificado energético na hora de comprar ou vender casa em Portugal.
Também a eficiência hídrica das casas – através da recuperação de águas das chuvas, por exemplo - tem ganho peso para as famílias que vivem, sobretudo, no Algarve e no Alentejo, regiões do país onde há escassez de água. Este é um problema que está a preocupar os profissionais do imobiliário e a pressionar o desenvolvimento de projetos habitacionais neste sentido, tal como explicamos neste artigo do idealista/news.
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