Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal, estima que terão sido transacionados 3.000 milhões de euros em 2019.
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“2019 foi transversalmente um ano excelente para o imobiliário nacional”
Cushman & Wakefield

“2019 foi transversalmente um ano excelente para o imobiliário nacional: no mercado de investimento imobiliário comercial estima-se que terão sido transacionados 3.000 milhões de euros enquanto que o mercado ocupacional revela uma procura ativa e limitada pela escassez de oferta de produto de qualidade”. A garantia é dada por Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield (C&W) em Portugal, que diz estar otimista para 2020. 

Segundo a consultora, “a atividade de investimento imobiliário comercial manteve-se extremamente dinâmica ao longo de 2019, nomeadamente na segunda metade do ano”. “O valor definitivo de fecho do ano encontra-se ainda por confirmar (com 2.750 milhões de euros registados até 31 de dezembro), mas acredita-se que deverá rondar os 3.000 milhões de euros, em linha com o valor record atingido no ano passado”, refere a empresa em comunicado, sublinhando “as transações de portfólios de grande dimensão continuaram a ter um peso muito significativo no total de investimento, tendo representado 53% do volume transacionado, com 1.450 milhões de euros distribuídos por 17 negócios”. 

A C&W revela ainda que os investidores estrangeiros continuaram a dominar a atividade de investimento imobiliário comercial no país, tendo sido responsáveis por 78% do volume total transacionado. Destaque para as casas de investimento alemãs, que alocaram 680 milhões de euros ao imobiliário português (32% do total), e para os investidores americanos (300 milhões/14%) e espanhóis (294 milhões/14%). Os segmentos de escritórios (36%), retalho (35%) e hotelaria (19%), por esta ordem, foram os que atrairam mais investimento.

Escritórios à lupa

No segmento de escritórios, foram arrendados na Grande Lisboa até novembro 172.000 metros quadrados (m2), tendo-se atingido o mínimo histórico da taxa de desocupação, atualmente nos 3,9%. As estimativas de fecho de ano apontam para 190.000 m2, menos 8% que em 2018, ano em que foi atingido o segundo máximo histórico (206.000 m2).

“No Porto o setor de escritórios atravessa também um bom momento, embora ainda abaixo das expetativas. Após em 2018 ter sido registado um valor recorde, com 80.000 m2 transacionados, nos primeiros nove meses do ano a procura situou-se somente nos 26.000 m2, volume em grande medida condicionado pela escassez de oferta de espaços de qualidade”, refere a consultora, adiantando que até 2022 está prevista a conclusão de nove projetos com uma área total de 110.000 m2.

Segmento de retalho ativo

O setor de retalho demonstrou-se igualmente ativo em 2019, tendo sido comercializadas 810 lojas, totalizando uma área de 256.000 m2. “O comércio de rua destacou-se largamente, representando 64% do número de operações, seguido pelos centros comerciais com 24%”. 

Já o mercado industrial registou alguma contração ao longo do ano passado, “muito possivelmente fruto da escassez de instalações modernas de qualidade”. “Entre janeiro e setembro foram transacionados apenas 96.600 m2, 10% abaixo do volume registado em igual período do ano anterior”, conclui a consultora.

“Para 2020 as perspetivas mantêm-se otimistas”

“Para este ano as perspetivas mantêm-se otimistas, apesar de alguma instabilidade internacional e um menor potencial de crescimento da economia mundial. No entanto, a expectável manutenção do baixo nível das taxas de juro, e a ‘popularidade’ de Portugal como destino de investimento, farão prever aplicações de altos níveis de liquidez nos vários segmentos do mercado imobiliário”, diz Eric van Leuven.

Segundo a C&W, estão atualmente mais de 2 mil milhões de euros de transações em diversas fases de negociação, pelo que a consultora aponta para que em 2020 se registe um volume próximo aos dois últimos anos. 

“Ao longo de 2020, o conceito de economia partilhada (ou corevolution) continuará a dinamizar o mercado, com o surgimento de novos produtos e conceitos. Entre outros, estes incluem escritórios flexíveis (nos quais se enquadra o coworking); coliving; microliving; e um novo tipo de residências de estudantes e de seniores"
Cushman & Wakefield

“Ao longo de 2020, o conceito de economia partilhada (ou corevolution) continuará a dinamizar o mercado, com o surgimento de novos produtos e conceitos. Entre outros, estes incluem escritórios flexíveis (nos quais se enquadra o coworking); coliving; microliving; e um novo tipo de residências de estudantes e de seniores. Não sendo produtos novos no mercado, distinguem-se pelo enfoque no seu ajustamento aos novos requisitos dos utilizadores finais e por terem uma gestão profissionalizada, pelo que irão começar a atrair o interesse dos investidores institucionais”, refere a empresa em comunicado.

Eric van Leuven diz fazer votos “para que o recém-empossado Governo passe a tratar o setor imobiliário com o carinho que merece (...)”. “Se em 2019 o Governo teve algumas iniciativas louváveis, nomeadamente a possibilidade da criação de SIGI (Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária) e o Programa de Arrendamento Acessível, há a destacar pela negativa a alteração (mais uma...) à Lei do Arrendamento, onerando novamente os senhorios, e criando um regime de direitos de preferência impraticável e que matou à nascença a possibilidade de um mercado institucional de arrendamento habitacional, tão necessário e tão comum noutros países”, conclui.

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